CHEGOU A HORA DE MUDAR A UNE!
- Movimento Correnteza
- 1 de jul.
- 4 min de leitura
A União Nacional dos Estudantes precisa ter de volta a rebeldia da juventude pulsando nas veias
O movimento estudantil brasileiro sempre foi protagonista na defesa da democracia, enfrentando de cabeça erguida períodos de repressão e autoritarismo.
Durante a Ditadura Militar, estudantes resistiram bravamente, mesmo diante de perseguições, prisões e mortes de líderes como Edson Luís, Honestino Manoel Lisboa e Helenira Resende.
Esse histórico de luta, no entanto, contrasta com o que ocorre atualmente com a União Nacional dos Estudantes (UNE). A democracia interna da entidade tem sido sistematicamente suprimida a partir da atuação de sua direção imobilista (grupo político da UJS/PCdoB/PT/Levante), que adota práticas antidemocráticas para garantir uma maioria artificial nos congressos e fóruns da entidade e seguir perpetuando essa “hegemonia” que só existe nos fóruns internos da entidade e em nada se reflete nas bases do movimento estudantil.
Esse grupo trata a UNE como se fosse sua propriedade. Nos últimos congressos, para impedir que os estudantes virem esse jogo, passaram a agir de forma ditatorial para reprimir a luta da juventude: em várias universidades (FMU, UNINOVE e UNIP), os estudantes foram proibidos de inscrever chapas para disputar as eleições, perseguem e censuram a Oposição, rasgam o regimento do Congresso, fraudam eleições EaD e impedem o debate de ideias que sempre marcou o movimento estudantil.
Os imobilistas fazem isso criando critérios irreais para as eleições nas universidades, muito acima do previsto no regimento do Congresso, apenas para inviabilizar a participação de outros movimentos e impedir que os estudantes conheçam diferentes propostas para a entidade. Uma vergonha!
O Movimento Correnteza defende que a UNE precisa resgatar sua força, sua legitimidade e representatividade, tornando-se novamente independente, combativa e verdadeiramente democrática! Para isso é indispensável a garantia de igualdade de participação dos movimentos que constroem a UNE, transparência nos processos e respeito aos estudantes que constroem os DCEs e centros acadêmicos nas suas bases!
A quem serve a falta de democracia na UNE?
O setor imobilista também é contra o voto secreto e em urna eletrônica na eleição para a diretoria da UNE, como defendemos no CONEG (Conselho Nacional de Entidades Gerais). Essa proposta foi recusada pela atual direção da UNE, e o processo de votação continuará sendo em voto de papel e sem privacidade, de maneira a constranger e coagir delegados a votarem na chapa da UJS/PCdoB/PT, grupo que está na direção da UNE há 30 anos.
Em todos os congressos recebemos relatos de ameaças, humilhações e até mesmo suborno por parte desse setor imobilista para garantir a votação em sua chapa, já que os estudantes dependem da estrutura de transporte e alojamento fornecida por eles, que sequer permitem que a Oposição tenha o direito de fiscalizar a votação no congresso. Até a eleição para o novo Papa foi mais democrática que isso.
Defendemos o voto secreto para a diretoria da UNE em urna eletrônica do TSE, com espaços privados para votação, paridade de gênero na equipe de segurança e participação de observadores externos, como representantes de movimentos sociais e sindicatos, para acompanhar todo o Congresso. Também reivindicamos o mínimo: que fiscais e mesários da Oposição possam conferir os documentos dos votantes sem serem agredidos, para assegurar que apenas os delegados aptos possam votar.
A transparência e o acesso igualitário à organização do congresso é outro ponto importante. Atualmente, apenas membros da UJS têm acesso ao sistema organizador, e-mails oficiais e controle sobre o transporte e armazenamento dos crachás de delegados. O Correnteza defende que todos os membros da comissão organizadora do Congresso (CNECO) tenham acesso igualitário ao sistema, garantindo a ampla participação da diversidade da entidade nas diversas etapas do processo.
Somado a isso, defendemos mais transparência na gestão financeira da UNE.
A entidade deve permitir que os estudantes e a diretoria acompanhem e debatam democraticamente as finanças e a estrutura da gestão. Há 15 anos, a UNE conquistou do Estado brasileiro uma indenização de R$ 44 milhões pelo criminoso incêndio promovido pela ditadura na histórica sede na Praia do Flamengo, mas as obras seguem abandonadas há mais de 10 anos, por inteira irresponsabilidade e incompetência da direção imobilista da entidade.
Por que fazem tudo isso?
Para se manterem no poder e garantir que a UNE continue pondo freio às lutas estudantis, atuando para blindar o governo federal e impedir o sentido crítico de dentro das salas de aula, para que os estudantes não questionem as injustiças e a política de conciliação com os interesses dos bancos, do agronegócio e dos monopólios estrangeiros em nosso país. Prova disso foi o silêncio da diretoria imobilista da UNE durante a greve da educação do ano passado e a constante política de desmobilização das lutas nacionais.
Não à diminuição do Congresso da UNE!
Com a justificativa de “diminuir o tamanho e os custos do Congresso”, a direção imobilista da UNE apresenta uma proposta de reforma eleitoral que propõe a redução da proporção de delegados. Atualmente é eleito um delegado para cada mil estudantes matriculados na universidade. Na proposta, seria eleito um delegado a cada dois mil estudantes.
Desde o CONEG, estamos denunciando que essa mudança só pretende favorecer a artificialidade e as fraudes no Congresso! Reduzir o número de delegados significa reduzir a representatividade dos estudantes, em especial, nas universidades onde o movimento estudantil é pungente e ativo. Ao mesmo tempo, essa proposta não resolve o problema das mega-universidades privadas, que elegem centenas de estudantes em processos unilaterais, sem participação da oposição, nem as fraudes nas eleições para delegados no EaD.
É preciso mudar a UNE!
Nós, do Correnteza, defendemos uma UNE diferente, democrática, de luta e independente, que não se cale diante dos cortes na Educação e esteja presente no dia a dia das universidades e ao lado dos estudantes.
Queremos a reconstrução da democracia interna da UNE!
Defendemos critérios claros e justos para participação no CONUNE, respeito ao voto secreto no Congresso, fiscalização efetiva de todas as chapas, transparência e respeito ao Estatuto, para que a entidade volte a ser um instrumento legítimo de representação e mobilização dos estudantes brasileiros.
Sabemos que essas não são batalhas fáceis, mas como a nossa tese já diz, quem vem com tudo não cansa! A UNE de Honestino Guimarães, Helenira Rezende e Sarah Domingues vale a luta!
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