top of page

Movimento Correnteza lança a camarada Thaís Rachel à presidência da UNE

Estudante de Ciências Contábeis na UFRJ já foi presidenta do CAEng UFRJ e diretora do DCE UFRJ e hoje assume a 1ª vice-presidência da UNE. Leia a entrevista completa feita com Thaís e quais suas propostas para a educação e para mudar a UNE.


Entrevistador: Onde nasceu e estudou na infância e adolescência?


Thaís Rachel: Sou nascida e criada em Nova Iguaçu, onde estudei até entrar no segundo semestre da minha primeira graduação, quando fui morar em uma república mais próxima da faculdade.

Entrevistador: Em qual universidade e curso estuda?


Thaís Rachel: Sou estudante de Ciências Contábeis na UFRJ.

Entrevistador: Como você teve contato com o movimento estudantil (ME)?


Thaís Rachel: Conheci o ME quando o Correnteza estava organizando um movimento de oposição no meu curso para concorrer às eleições do Centro Acadêmico, que era controlado pela direita e mantinha o CA fechado, sem fazer nada pelos estudantes. Vencemos a eleição e me tornei vice-presidenta do CAEng UFRJ, o maior centro acadêmico da América Latina, com uma base de mais de 6.000 estudantes.

Entrevistador: Qual a sua trajetória no Movimento Estudantil? Lembra das principais lutas que te marcaram?


Thaís Rachel: Já fui presidenta do CAEng UFRJ e tenho muito orgulho de ter construído o movimento estudantil revolucionário em uma base muitas vezes taxada como reacionária, além de ter sido uma liderança feminina em um espaço majoritariamente masculino. Uma das principais lutas que encabecei foi sobre a questão do ensino: nós sofríamos com os altos índices de reprovação e, a partir da campanha “Menos Pressão, Mais Didática”, conquistamos critérios mais justos de avaliação e combatemos vários excessos por parte de professores.


Também fundei um coletivo de mulheres na Engenharia, que com certeza ajuda muitas mulheres até hoje a se sentirem mais pertencentes àquele local. Uma das principais lutas que travamos foi contra os assédios que ocorriam tanto na faculdade quanto nas festas. Organizamos atos sobre essas pautas e conquistamos canais de denúncia e mais segurança para as mulheres!

Depois disso, fui diretora do DCE Mário Prata, onde tocávamos muitas pautas, principalmente em defesa da assistência estudantil. Organizamos uma gigantesca greve estudantil em defesa dos nossos direitos, participamos do tsunami da educação, fizemos a luta pelo passe livre e muitas outras lutas! Também estivemos na linha de frente do Fora Bolsonaro e nas campanhas de solidariedade durante a pandemia, auxiliando diversos estudantes e trabalhadores terceirizados da universidade que estavam em situação de vulnerabilidade naquele momento.

Entrevistador: O que você defende para a educação?


Thaís Rachel: Eu defendo que a educação seja de fato pública, gratuita, de qualidade e universal! Infelizmente, o que vemos hoje é que a maioria das pessoas não tem acesso aos estudos e muitas vezes não sente que esse espaço pertence a elas. Além disso, há um projeto em curso de privatização da educação, com transferência direta dos recursos públicos para a educação privada. Isso está acabando com as nossas universidades públicas e fazendo com que elas fiquem cada vez mais sucateadas.


Acredito que precisamos ter livre acesso às universidades públicas, acabar com o vestibular e transformar progressivamente todas as vagas das universidades privadas em vagas nas universidades públicas. Ninguém deveria ter que pagar para estudar — muito menos pagar sem a garantia da maioria das vezes da qualidade e da permanência! Além disso, muitos estudantes das universidades privadas precisam trabalhar em jornadas exaustivas, como a escala 6x1, ou mesmo em condições mais desgastantes como em freelas, para conseguir seguir estudando. Por isso, precisamos de mais políticas de permanência, para que as pessoas não precisem escolher entre trabalhar ou estudar.


Portanto, isso só será possível se o atual governo inverter as prioridades e de fato parar de usar a lógica da austeridade fiscal para as áreas sociais e começar a investir mais na educação. Defendemos os 10% do PIB para a educação e isso seria plenamente possível se os governantes desse país parassem de pagar a dívida pública — que transfere quase 50% do orçamento do Brasil para pagar os juros e amortizações da dívida para banqueiros e especuladores — e utilizasse esse recurso para a educação pública e para o nosso povo.

Entrevistador: Que tipo de movimento estudantil você defende?


Thaís Rachel: Sou formada pelo Movimento Correnteza e nós defendemos que o único caminho para transformarmos a nossa realidade é a mobilização! Defendemos um movimento estudantil ativo, atento às principais demandas e dores dos estudantes, representativo e independente — que não se submeta a governos nem reitorias. Um movimento estudantil que tenha plataforma própria, que defenda o que for bom para os estudantes e critique o que for ruim! Nós acreditamos que a luta é o único caminho, por isso nos levantamos contra o imobilismo que tomou conta da UNE!


Vale lembrar o histórico de combatividade que faz parte do movimento estudantil brasileiro que fundou a União Nacional dos Estudantes e que faz parte da sua história e dos motivos pelos quais ela existe. O movimento estudantil e a UNE tiveram um papel fundamental na derrubada da ditadura militar de 1964, não é atoa que a primeira ação dos militares foi incendiar a sede da UNE na praia do Flamengo. Perseguiu, prendeu e assassinou estudantes, como Honestino Guimarães o então presidente da UNE. Mas bravamente os estudantes ao lado dos trabalhadores resistiram e organizaram grande manifestações contra o regime fascista. O ME e a UNE devem servir como ferramenta de luta dos e das estudantes.

Entrevistador: Com o avanço do fascismo no mundo e os ataques à educação, qual o caminho que os estudantes devem tomar para vencer esse projeto neoliberal?


Thaís Rachel: Com certeza, é o caminho da mobilização. E esse é um caminho que devemos seguir não só por nós, que somos estudantes hoje, mas também pelas gerações futuras. Estão tentando destruir a educação pública, e nós precisamos ser a geração que vai impedir que isso aconteça, garantindo que as próximas gerações tenham acesso às universidades públicas como nós tivemos, mas não só. Devemos lutar pelo fim do vestibular, pela universalização do acesso ao ensino superior e por mais verba pra educação para garantir políticas de permanências.


Para derrotar o fascismo, não adianta continuar abaixando a cabeça para a agenda do capital financeiro nem conciliando com o Centrão. É fundamental exigir que o governo cumpra o seu papel de investir nas áreas sociais e melhorar a vida do povo que gera todas as riquezas do nosso país! As pessoas estão indignadas, e é nossa tarefa organizá-las para lutar em defesa dos nossos direitos!


Devemos exigir do governo que rompa com as relações diplomáticas com o Estado terrorista de Israel e devemos levantar bem alto a bandeira pela liberdade do povo palestino do rio ao mar. Organizar a resistência dos estudantes do mundo e fazer o enfretamento ao fascismo que prepara um novo ataque contra a classe trabalhadora de todo o mundo. A exemplo dos acampamentos e manifestações nos Estados Unidos e em outros países que não se calam diante das injustiça feitas pelas classes dominantes.


Não é hora de recuar! A agenda do capital financeiro tem sido de aumento dos investimentos militares e tem anunciado a destruição do planeta. É preciso encarar esse problema de forma frontal e a UNE tem papel central na organização dos estudantes contra a besta fascista. Somente com a luta pela construção de uma nova sociedade, a sociedade socialista, é que vamos garantir dignidade para os estudantes e para o nosso povo.


Entrevista realizada por Everaldo Oliveira, Coordenação Nacional do Movimento Correnteza.

Comments


WhatsApp Image 2020-03-22 at 22.34_edited.jpg

Organize
sua revolta!

  • Instagram
  • X
  • Youtube
sr teza

Desenvolvido pelo Movimento Correnteza

Todos os esquerdos reservados ©

bottom of page